sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Juíza se irrita com tentativa do advogado de desqualificar Camilla Abreu

A audiência de instrução e julgamento do caso Camilla Abreu - morta pelo namorado, o capitão Allison Wattson do Nascimento - foi marcado por divergências e momentos de tensão.

Um dos embates foi entre a juíza Zilnar Coutinho e o advogado do réu, Pitágoras Veloso.
Por várias vezes, o advogado Pitágoras Veloso questionou sobre a vida pessoal da estudante Camilla Abreu e teve o pedido rejeitado pela juíza Zilnar Coutinho.
Hoje (23) pela manhã acontece a audiência sobre o assassinato de Camilla Abreu, 21 anos. Oito pessoas foram ouvidas entre eles, o capitão Alison Wattson que surpreendeu e disse que não tinha matado Camila.  

"A pergunta está indeferida. O relacionamento amoroso da estudante não é objeto", disse a juíza durante audiência. A negativa foi para o advogado que teimava em questionar suposto relacionamento de Camilla. 

"A faculdade era paga pelo pai de Camilla e desconheço que ela tivesse outros relacionamentos amorosos. Ela andava sempre muito bem vestida e tinha ajuda de uma tia do Maranhão", relatou esta amiga.

Diante do indeferimento de alguns questionamentos, a defesa do acusado alega  que está tendo o direito de defesa cerceado. Um dos questionamentos indeferidos era se "Allison não era demônio e Camilla não era anjo?". 

As duas amigas que prestaram depoimento, logo no início da audiência, relataram o terror que Camilla vivia antes de ser assassinada.  Elas revelaram que a estudante se queixava do namorado que costumava exibir sua arma de fogo.
A terceira pessoa a ser ouvida é lavador de carro e também disse que estava constrangido em falar na presença do réu.

"Ele chegou em um corolla azul que exalava mal cheiro muito forte. Ele disse que o sangue no carro era porque tinha socorrido dois amigos na estrada. Eu e um amigo orientamos que ele fosse a um posto para lavar, pois não tínhamos como fazer. Ele estava muito pensativo e usava o celular. Outra pessoa apareceu lá...um homem alto e forte, mas não ouvi nada. Só depois reconheci que o dono do Corolla era o acusado", relatou a testemunha.

A quarta testemunha a ser interrogada é o proprietário do lava jato onde o capitão Allisson deixou o carro para que as manchas de sangue fosse removidas.

"O carro estava todo ensanguentado, uma catinga 'monstra'. Ele falou aos meus colaboradores que tinha atropelado duas pessoas em Parnaíba. Olhei para a lataria e não vi nenhum amassado. Tinha muito sangue, até no teto. Ele foi lá no outro dia pegar", disse o proprietário do lava jato que chegou a rir durante um dos questionamentos do advogado do réu que se irritou.

Atualizada às 10h49

A amiga de Camilla Abreu relatou agora há pouco na audiência de instrução e julgamento no Tribunal do Júri que a estudante vivia com muito medo e andava depressiva devido as ameaças do capitão Allison Wattson do Nascimento.

"Ela chorava de medo e andava muito depressiva por ser coagida por ele". 

O capitão era namorado da estudante. Ele é acusado de assassinar Camilla e esconder o corpo em matagal na zona rural de Teresina.    

O depoimento da primeira amiga de Camilla durou cerca de 1 hora. A juíza Zilnar Coutinho,  titular da 2º vara do Tribunal do Júri a questionou também se tinha conhecimento de que o réu teria se afastado do trabalho para tratamento médico. 

"Soube apenas que ele se afastou por descontrole... foi punido por um ato de descontrole. Que eu saiba, ele não havia se afastado para tratamento médico" , disse a amiga. 

Às 10h35,  uma segunda amiga de Camilla começou a ser ouvida também como informante, devido a amizade íntima que tinha com a vitima.

Atualizada às 10h

A audiência de instrução e julgamento sobre o assassinato da estudante Camilla Pereira Abreu, 21 anos, iniciou em meio a divergência e tensão.   

A juíza Maria Zilnar Coutinho rejeitou o pedido de adiamento da audiência de instrução e julgamento do capitão Allison Wattson da Silva Nascimento. O advogado do réu, Pitágoras Veloso, alega que foi contratado pela família há dois dias e que não há nenhuma testemunha de defesa do réu. 

"Fui contratado pela família no último dia e 21 e assumi o caso ontem. Tive menos de 15 horas para estudar o processo que é complexo e volumoso. Uma defesa técnica e eficiente, nestas circunstâncias, possivelmente, será deficiente", alegou a defesa do réu. 

O promotor Benigno Filho e a assistência de acusação também foram contra o pedido de adiamento.
"Não sou favorável ao pedido. A audiência de hoje preenche todos os requisitos. Adiar a audiência seria adiar o sofrimento da família", disse o representante do Ministério Público. 

Uma amiga de Camilla é a primeira a ser ouvida como informante. Ela é interrogada sem a presença do réu por se sentir constrangida. 

"Camilla me relatava que ele tinha um ciúme doentio. Após o desaparecimento dela, ele me ligou várias vezes e sempre muito frio... depois me bloqueou no celular. Notei uma frieza muito grande.
Em nenhum momento, ele se juntou à família dela. Eu imaginava que ele sabia de algo e fiquei com medo que ele pudesse fazer algo comigo porque eu estava desconfiada", declarou a informante. 

Durante interrogatório, a amiga declarou também que Camilla relatava constantes agressões e que, inclusive, pediu o acusado para matá-la. 

"Ela relatava agressões, puxões de cabelo e socos. Ela tinha um braço machucado e que nunca sarava. Camilla disse que um dia ele apontou a arma para a cabeça dela dentro do banheiro. Ela pediu para que ele a matasse pois não aguentava mais...vivia coagida. Ela mandava fotos chorando...nunca presenciei agressão física, mas moral. Nunca denunciou por medo", declarou a amiga.
A audiência é marcada por um 'clima de tensão' entre defesa e acusado. Por algumas vezes, a juíza teve que intervir. 

O réu aparenta tranquilidade e não autorizou a veiculação de imagens.

Fonte: Cidade Verde